Ela era nova ali. Mais baixa, magra e delicada, parecia quase uma
criança e despertou o riso das outras. Os homens, contudo,
secretamente a desejaram. Como eles guardavam muito mal seus
segredos, logo a novata, além do escárnio das mulheres, passou a
merecer também seu ódio. Elas negaram-lhe comida e a cada dia seu
corpo ficava mais magro sob o casaco de pele, seu único bem. Havia
sido atraída para o grupo pela fome e estava disposta a trocar com
Gári, a velha, suas peles por comida. Ela aceitou. Riram quando ela
foi enxotada nua para um canto, lá se encolhendo mais de vergonha
que de frio. Dois dias depois, com o estômago a ponto de digerir-se
a si mesmo, esticou a mão para Egar enquanto ele comia, mas ele a
desencorajou com um tapa. Faminta, chegou-se para o lado de Hudk, que
a recebeu com um sorriso. Ele ofereceu-lhe castanhas, que ela devorou
sem modos enquanto ele lhe alisava os cabelos amarelos e mirava-lhe
os pequenos seios semidescobertos. Ela ofereceu-lhe, além dos seios,
seu sexo como gratidão. Egar enciumou-se com a alegria de Hudk. Nos dias
seguintes, os outros fizeram fila perante a garota para trocar
comida, roupas e enfeites por gratidão. O enciumado cochichou nos
ouvidos das mulheres que, enfurecidas, atacaram-na. Os homens
lamentaram e a cobriram com mais prendas e, por cima de tudo, terra.
Em 29.326 anos, os arqueólogos descobririam os restos adornados de
Takt, a primeira prostituta.